Notas & Comentários – 2-9-2022

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As aventuras de empreender: Venture Capital não é uma expressão à toa. Todo empreendimento, principalmente aquele que envolve técnicas e tecnologias inovadoras, é uma aventura. Quando há uma licitação no meio, mais ainda. O vencedor obtém a unanimidade dos perdedores – contra. No caso da Torre Eiffel, havia, também, o orgulho ferido dos intelectuais. E houve uma greve. Mas a obra surgiu e subiu com uma rapidez de tirar o fôlego (vide imagens abaixo). Menos de dois anos e 11 meses depois da licitação, a obra foi inaugurada, em 31 de março de 1889. E o – oh! – dos visitantes ecoa maravilhado até hoje. A França venceu.

E se a Torre cair?… Num empreendimento como o da Torre Eiffel, os problemas surgem de qualquer lado. Os ribeirinhos do rio Sena entraram com um processo contra a Torre, alegando que, por algum acidente, ou erro de cálculo, a Torre poderia cair sobre eles… Quem poderia garantir a segurança da Torre, algo novo, feito com material novo, elevando-se a uma altura inédita, e que só seria ultrapassada 40 anos depois, por meros 18 metros, pelo majestoso arranha-céu art déco do Edifício Chrysler, em Nova Iorque?

Bem, nem a cidade de Paris nem o Estado Francês quiseram garantir nada. Mas Gustave Eiffel garantiu. Ele, como proprietário da empresa construtora da Torre, ele garantia que 1) a Torre não cairia, e 2) se caísse, arcaria com todos os custos, reparações e indenizações pertinentes. Gesto que tranquiliza. Quantos donos de empresa, quantos magnatas fariam isso hoje, garantindo, pessoalmente, seu produto, seu serviço, seu processo, sua construção?

Obra sem acidentes: Quatro pilares formam a base da torre; os dois próximos do Rio Sena descem até 5m abaixo do nível do rio. Em média, havia 150 trabalhadores na obra; parece pouco, mas o ferro chegava com todas as peças numeradas e parcialmente montadas das fábricas de Eiffel.

Constitui feito notável que nenhum trabalhador tenha morrido na obra da Torre Eiffel, como não morreu nenhum na construção do Edifício Chrysler. Na construção da Brooklin Bridge morreram 30; na do Empire State, 5; na Golden Gate Bridge, 11. Em contraste, na construção do Canal do Panamá morreram mais de 25.000 trabalhadores em acidentes, picadas de cobra e, principalmente, doenças tropicais.

Em 1888, porém, eclodiu uma greve que ameaçou atrasar bastante a obra e estragar a festa de abertura da Exposição. Os trabalhadores queriam aumento de um valor fixo para todos, independentemente do salário, com o argumento de que o valor do risco era o mesmo para qualquer um. Uma espécie de adicional de periculosidade… Eiffel conseguiu negociar e os trabalhos prosseguiram.

O Sucesso e a Glória: O sucesso da Torre Eiffel foi imediato. Inaugurada em 31 de março de 1889, 2 milhões de pessoas subiram na Torre durante a Exposição. Para um capital de 5,1 milhões de francos, a Sociedade da Torre obteve uma receita de 6 milhões de francos. Contando outras receitas da concessão, como restaurantes, etc., entraram mais 0,5 milhão de francos. Nada mal. Gustave Eiffel acertou no investimento: o povo adotou a torre; os intelectuais erraram feio.

A exposição Universal de 1889 contou com 32 milhões de visitantes (a anterior, de 1878, chegou a 16 milhões). Mesmo que nenhum chefe de Estado estrangeiro tenha ido celebrar o centenário da Revolução, por motivos óbvios (além de que, a França era, ainda, a única república na Europa….), o sucesso foi retumbante.

Comparando, a Exposição de Filadélfia, em 1876, (a do Centenário da Independência americana, e que continha a barraca de um tal Graham Bell, visitada por Dom Pedro II) mal chegou a 10 milhões.

Com um custo de construção de 7,4 milhões de francos, e despesas de exploração de 1 milhão de francos, e dado que a Cidade de Paris fornecera uma subvenção de 1,5 milhão de francos, a operação estava quase equilibrada no primeiro ano. Break-even rápido.

O sucesso da Torre fez com que muitas outras cidades no mundo decidissem construir sua torre…