Caros,
Em umas Notas de maio de 2023, tive saudades da Europa e escrevi sobre a Sainte Chapelle: o impacto visual grandioso de seus vitrais marca nossas vidas. Muitos amigos apreciaram especialmente essas Notas. Assim, vou, de vez em quando, retornar a esta senda e abordar outros monumentos históricos europeus, começando pela Catedral de Notre-Dame de Paris.
Antes, porém, vou falar do conjunto das catedrais, igrejas e capelas francesas, com base no excepcional livro de Jean Gimpel, Les Bâtisseurs de Cathédrales (Seuil, 1958):
– Num período de 300 anos, de 1050 a 1350, milhões de toneladas de pedra foram talhadas para a construção de 80 catedrais, 500 grandes igrejas, e dezenas de milhares de igrejas paroquiais.
– Mais pedra foi escavada na França durante esses 3 séculos do que em qualquer tempo no antigo Egito. Apesar de que só o volume da grande pirâmide é de 2.500.000m³.
Obviamente, a utilidade das pirâmides é serem vistas. Não que sejam particularmente belas, mas pela sua monumentalidade, que desperta a sensação do sublime no dizer de Edmund Burke: aquele sublime que nos assombra e mete medo, mas que amamos.
As catedrais, não. As catedrais são belas, no sentido mais puro da beleza, como algo que agrada a vista, pela proporção, e a alma, pela elevação.
Depois de tantos séculos, lá estão as pirâmides, sem nenhuma utilidade além de serem vistas. As catedrais permanecem com os mesmos usos: não apenas alegram os olhos, não apenas elevam o espírito: são a casa de Deus.
A fé constrói. Na Idade média havia uma igreja ou capela para cada 200 habitantes.