Notas & Comentários – 05-04-2024

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A Intelligentsia em favor do mal: A noite nazista foi extremamente escura. O comportamento antissemita das universidades americanas faz Niall Ferguson achar que a volta dessa escuridão é possível.

Já em 1920, o jurista Karl Binding e o psiquiatra Alfred Hoche (https://revealingdocuments.com/pdf/Karl_Binding_on_Life_Unworthy_of_LIfe.pdf) publicaram o livreto intitulado “Permissão para a Destruição de Vida Indigna de Viver, que procurava extrapolar a partir do custo anual de manter um ‘idiota’, um ‘deficiente mental’, ‘o enorme capital subtraído do país para fins totalmente improdutivos.”

Como se o fim do homem fosse a mera busca de produtividade, e não o amor a Deus.

“Foi encontrado um documento no asilo do Schloss Hartheim, em 1945, o qual calculava que até 1951 o benefício econômico de matar 70.273 pacientes mentais – assumindo um gasto médio diário de 3,50 Reichsmarks e uma esperança de vida de dez anos – seria 885.439.800 Reichsmarks.”

Era o início prático da eugenia, cujos fundamentos ressurgem hoje sob a falsa capa humanista da eutanásia ou do suicídio assistido.

Em 1940, um estudante de pós-graduação chamado Victor Scholz apresentou uma tese de doutorado na Universidade de Breslau, sob a supervisão do professor Herman Euler, reitor da Faculdade de Medicina, com o título “Sobre as Possibilidades de Reciclagem do Ouro da Boca dos Mortos”. Foi o que os nazistas fizeram com o ouro dos dentes dos judeus assassinados.

Em Auschwitz, o SS Gruppenführer Carl Clauberg, professor de ginecologia em Königsberg, buscava encontrar a forma mais eficiente de esterilizar as mulheres. P. ex., experimentava injeção, sem anestesia, de substâncias cáusticas no útero de prisioneiras.

A declínio da universidade alemã sem os judeus: “Um fator crítico no declínio das universidades alemãs foi precisamente o fato de muitos acadêmicos seniores serem judeus. Para alguns, o antissemitismo de Hitler foi […] uma oportunidade de carreira”.

“Para os acadêmicos alemães de ascendência judaica, especialmente aqueles que se casaram com gentias e se converteram ao cristianismo, foi desorientador. ”

Os nazistas deixaram os judeus como num beco sem saída. Mesmo o judeu que se considerasse alemão, que amasse a Alemanha, mesmo que veterano da Grande Guerra, mesmo que se tivesse convertido ao cristianismo, mesmo o judeu não praticante, todos, para os nazistas, eram judeus e, logo, cidadãos de segunda classe, liminarmente. Depois viria o pior. Era o antissemitismo mais cruel.

O Mal se abate sobre Klemperer: “O caso de Victor Klemperer, um convertido ao protestantismo e casado com uma cristã, é ilustrativo. Veterano da Primeira Guerra Mundial, Klemperer foi nomeado professor de línguas e literatura românicas [que abrangiam o português, o galego, o espanhol (ou castelhano), o catalão, o provençal, o francês, o sardo, o italiano, o rético (ou romanche) e o romeno] na Universidade de Dresden em 1920. ‘Não sou nada além de um alemão ou europeu alemão’, escreveu Klemperer em seu diário, um dos testemunhos mais esclarecedores do pesadelo judeu alemão. Ao longo da década de 1930, ele sustentou que eram os nazistas que eram ‘não-alemães’. ‘Eu… sinto vergonha pela Alemanha’, escreveu ele depois que Hitler chegou ao poder’.”

Para os nazistas, entretanto, uma pessoa se sentir profundamente alemã, ter lutado pela Alemanha, ter mesmo se convertido ao protestantismo, não adiantava nada. Se seus pais ou avós eram judeus, seria tratado como judeu.

Ao lado, Estudantes da Universidade de Berlim chegam para um evento de queima de livros, 1933 (Getty). Um evento de cancel books… A atmosfera nas universidades alemãs tornou-se cada vez mais tóxica, mesmo para os judeus mais assimilados.

Klemperer – o Mal se aprofunda: “Em abril de 1933, com base na Lei para a Restauração da Função Pública Profissional, todos os funcionários públicos judeus, incluindo juízes, foram destituídos do cargo, seguidos, um mês depois, por professores universitários. Klemperer registrou sua angústia em seu diário:

10 de março de 1933…. É impressionante como tudo desmorona facilmente… proibições selvagens e atos de violência. E com isso, nas ruas e no rádio, uma propaganda sem fim. No sábado… Ouvi uma parte do discurso de Hitler em Königsberg [a universidade da Prússia Oriental onde Immanuel Kant passou a vida]… Eu entendi apenas algumas palavras. Mas o tom! O berro untuoso, um verdadeiro berro… Por quanto tempo manterei minha cátedra?

“Klemperer manteve-se na cátedra na universidade [de Dresden] por mais dois anos. Em 2 de maio de 1935, porém, desabou o golpe:

Na manhã de terça-feira, sem qualquer aviso prévio – duas folhas entregues pelo correio. ‘Com base no n.º 6 da Lei de Restabelecimento da Função Pública Profissional… recomendei sua demissão’. . . No início, senti -me alternadamente estúpido e ligeiramente romântico; agora só há amargura e miséria”.

As Consequências do mal: Cinco meses depois, para piorar a situação, Klemperer foi proibido de entrar na sala de leitura da biblioteca da universidade “por não ser ariano”, ainda que a esposa dele fosse. Para um professor… Implacavelmente, seus direitos como cidadão foram se reduzindo sempre cada vez mais e mais.

O anti-semitismo dos nazis tas levou, claro, a uma das maiores fugas de cérebros da história. Mais de 200 dos 800 professores judeus do país partiram, dos quais vinte eram ganhadores do Prêmio Nobel. Albert Einstein já havia partido em 1933, enojado com os ataques nazistas à sua ‘física judaica’. O êxodo acelerou-se após a Noite dos Cristais [Kristallnacht], em Novembro de 1938. Os cérebros judaicos foram, principalmente, para as universidades dos Estados Unidos.

Perguntado por um judeu nova-iorquino o que este s poderiam fazer para minimizar as perseguições que sofrem no mundo todo, o famoso sociólogo americano Thomas Sowell respondeu com uma só palavra: “fail”. Enquanto os judeus tivessem sucesso, onde quer que estivessem, a perseguição não arrefeceria. Sim, é desproporcional a contribuição dos judeus à intelectual idade e ao sucesso empresarial da humanidade.