Notas & Comentários – 05-04-2024 – Apresentação

Caros,

A noite nazista foi extremamente escura. O comportamento antissemita das universidades americanas, mesmo antes da previsível reação israelense ao 7 de outubro, fez Niall Ferguson (de cujas ideias continuamos a tratar nestas Notas) achar que a ameaça de essa escuridão voltar não está excluída.

As melhores universidades do mundo nos anos 1920-30, as alemãs, subsidiaram as teses do nazismo, no racismo, no desprezo à vida, elementos que levaram ao ódio militante e ao Holocausto.

Os nazistas possuíam dois critérios para avaliar o mérito de uma vida humana: a raça e a utilidade. Em 1920, um jurista e um psiquiatra (Hitler ainda estava longe…) publicaram um livreto em que calculavam o custo anual de manter um “idiota”, um “deficiente mental”, subtraindo um “enorme capital. . . do produto nacional para fins totalmente improdutivos.”

Como se o fim do homem fosse a mera busca de produtividade, e não o amor a Deus.

“Um documento calculava o benefício econômico de matar 70.273 pacientes mentais – assumindo um gasto médio diário de 3,50 Reichsmarks e uma esperança de vida de dez anos – seria 885.439.800 Reichsmarks.” Meu Deus.

Em 1940, foi apresentada uma tese de doutorado na Universidade de Breslau, sob a supervisão do reitor da Faculdade de Medicina, com o título “Sobre as Possibilidades de Reciclagem do Ouro dos Dentes dos Mortos”. Os nazistas arrancaram as obturações em ouro de suas vítimas.

“Victor Klemperer, um judeu convertido ao protestantismo e casado com uma cristã, deixou um precioso Diário. Veterano da Primeira Guerra Mundial, Klemperer, professor de línguas românicas na Universidade de Dresden, dizia: ‘Não sou nada além de um alemão’. Ao longo da década de 1930, ele sustentou, coitado, que eram os nazistas que eram ‘não-alemães’.

Os nazistas deixaram os judeus como num beco sem saída. Mesmo o judeu que se considerasse alemão, que amasse a Alemanha, mesmo veterano da Grande Guerra, mesmo que se tivesse convertido ao cristianismo, mesmo o judeu não praticante, todos, para os nazistas, eram judeus e, logo, liminarmente, cidadãos de segunda classe. Depois viria o pior. O antissemitismo mais cruel.

Em 1935, Klemperer foi demitido de sua cátedra. Alguns meses depois, foi proibido de entrar na sala de leitura da biblioteca da universidade “por não ser ariano”, ainda que a esposa dele fosse. Isso, para um professor… Depois, implacavelmente, seus direitos como cidadão foram se reduzindo sempre cada vez mais.

Além de tudo, o anti-semitismo nazista acarretou uma das maiores fugas de cérebros da história. Mais de 200 dos 800 professores universitários judeus do país partiram, dos quais 20 eram ganhadores do Prêmio Nobel. Albert Einstein já havia partido em 1933, enojado com os ataques nazistas à sua ‘física judaica’.

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