Caros,
Muitos judeus emigraram; a maior parte, entretanto, sem imaginar a dimensão do mal, ficou na Alemanha nazista. Mas para Viktor Klemperer, a emigração – muito menos para a Palestina, então o “lar nacional para o povo judeu” prometido pelo governo britânico em 1917 – estava fora de questão. Teria sido uma admissão de que os nazistas tinham razão e que lugar de judeu era fora da Alemanha.
No final, Klemperer só evitou a deportação para os campos de extermínio devido a um bombardeio da Royal Air Force em Dresden, em fevereiro de 1945, que lhe permitiu se desfazer da estrela amarela e permanecer discreto até a rendição alemã.
Stefan Zweig foi um grande escritor judeu-austríaco, que amou a humanidade e amou o Brasil. Foi o autor que mais vendeu no mundo nos anos 1920 e 1930. Seus livros são deliciosos. Fugindo do nazismo, Zweig veio morar no Brasil. Os livros de Zweig foram queimados na Alemanha.
Quatro dias depois do afundamento do primeiro navio brasileiro pelos alemães, desesperançado, achando, inclusive, que o Brasil acabaria entrando na Guerra, suicidou-se em Petrópolis com sua mulher. Deixou uma carta de despedida tocante.
Primo Levi, era um judeu italiano, formado em Química. Foi deportado para Auschwitz, e sobreviveu porque foi mandado trabalhar, ao abrigo da intempérie, no complexo químico da IG Farben que funcionava ao lado do campo de extermínio. Dos 650 judeus italianos em Auschwitz, Levi foi um dos 20 que sobreviveram.
Em 1987, angustiado com o aspecto cadavérico de sua mãe, sofrendo de câncer, o que lhe fazia lembrar o semblante dos companheiros de Auschwitz, Primo Levi ligou para o Rabino-chefe de Roma. Dez minutos depois, Primo Levi caiu de seu apartamento e morreu. A perícia indicou suicídio. Mas…
Mas Elie Wiesel, Prêmio Nobel da Paz e sobrevivente do Holocausto, declarou: “Primo Levi morreu em Auschwitz quarenta anos depois.”