Notas & Comentários – 17-05-2024 – Apresentação

Caros,

As universidades alemãs do início do séc. XX eram as melhores do mundo, mas… o antissemitismo as deteriorou profundamente.

David Hilbert fez da Universidade de Göttingen a mais proeminente do mundo em Matemática. Chegaram, porém, os nazistas e expulsaram os judeus do corpo docente da Universidade em 1933. Entre os expulsos, Hermann Weyl, que assumira a cadeira de Hilbert quando este se aposentou em 1930. Como assim? Weyl não era judeu… Certo, mas sua esposa era judia. O totalitarismo é essa ideologia que não permite redenção, que não deixa margem à consciência: ela condena por coisas externas e fora do controle do homem.

Em 1934, Hilbert compareceu a um banquete em que se sentou ao lado do Ministro da Educação do III Reich. O Ministro indagou: “O Instituto de Matemática realmente sofreu tanto com a saída dos judeus?”. Hilbert respondeu: “Sofreu? Não existe mais”.

Ora, se existe uma coisa sem ideologia, sem raça, uma coisa inocente, inabalavelmente neutra, incapaz de maldade, é a Matemática. Um professor de Matemática não tem como pregar o ódio com a Matemática. Mas lá se foi Weyl, expulso porque sua esposa era judia.

Hilbert não podia saber o que viria em breve com o Nazismo. Em seu epitáfio em Göttingen lê-se: “Wir müssen wissen. Wir werden wissen” – “nós devemos saber; nós saberemos”. Trata-se de uma negação à máxima latina: “Ignoramus et ignorabimus” – “Não sabemos e não saberemos”. Bem, Hilbert estava errado. Sua frase foi de efeito, mas não tinha nenhum efeito ou base na realidade. Hilbert, com suas equações, nunca extrapolaria o nazismo até o Holocausto.

Curiosamente, foi um físico também alemão, Werner Heisenberg, que enunciou um princípio que deveria nos encher de humildade: O Princípio da Incerteza. Não que tudo seja incerto na vida: a morte é certa, p. ex. Mas no mundo quântico, proclamou Heisenberg, nunca podemos saber ao mesmo tempo a localização e a velocidade de uma partícula subatômica.

No nosso mundinho, talvez se possa extrapolar Heisenberg: não podemos saber ao mesmo tempo a posição de um homem e em que direção está se dirigindo. O homem pode estar numa posição de bem, mas se deslocando para outra de grande mal. A esperança é que, quando esteja numa posição ruim, se dirija com determinação e coragem para outra, do bem.

Boa semana,
Sávio.

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