Notas & Comentários – 14-06-24 – Apresentação

Caros,

A primeira catedral de Florença tinha sido a Basilica di San Lorenzo di Firenze, consagrada em 393 pelo grande Santo Ambrósio, substituída pela catedral de Santa Reparata. Essa velha igreja, em estado precário de conservação, tornara-se pequena para a florescente cidade toscana. Era preciso uma nova Catedral.

Em 1294, o Conselho da Cidade de Florença aprova o projeto do arquiteto Arnolfo di Cambio para uma nova Catedral.

A nave da nova catedral estava terminada em 1380, mas quase 40 anos depois, em 1418, a cúpula ainda estava toda por fazer. E não é de estranhar, pois ninguém sabia como construir tão imensa cúpula, a uma altura tão elevada, e que seria a maior do mundo, desde que foi erguido o Panteão na Roma antiga, mil e quatrocentos anos antes.

A cúpula da Catedral de Florença e a Torre Eiffel são dois desafios diferentes, separados por quase cinco séculos.

O desafio da Torre Eiffel não era a torre em si, mas a novidade do material da torre e seu impacto estético: será que fica bem uma torre metálica? Ou seja, parecia possível construir uma torre de ferro daquela altura; a questão era: não será uma coisa monstruosa, disforme, ridícula? Vai agredir as vistas acostumadas a pedra e concreto? A nata da intelectualidade da França achou um absurdo e fez um manifesto para que a Torre não fosse construída.

O desafio da cúpula do Duomo de Florença era de outra natureza: simplesmente, ninguém sabia como construí-la. Não era problema de material, pois conhecia-se o concreto desde os tempos romanos, nem de estética, pois o modelo era encantador, e a maquete mostrava isso.

Gustave Eiffel possuía uma empresa que montava pontes e outras estruturas de aço ou ferro. Filippo Brunelleschi tinha uma ideia, mas nunca edificara nada nem parecido: o desafio era prático, de engenharia, de logística; não havia livro, ou manual, ou tratado mostrando como fazer. Mas Brunelleschi disse: eu faço. E fez.

Começava verdadeiramente o Renascimento.

Boa semana,
Sávio.

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