Caros,
O certame para o modelo de construção da cúpula da Catedral de Florença foi anunciado em agosto de 1418. Fillipo Brunelleschi e mais 11 competidores apresentaram proposta.
O maior problema era como construir andaimes para sustentar a alvenaria enquanto a argamassa curava: a abertura da cúpula era não apenas grande demais, mas alta demais.
O momento mais crítico de qualquer construção, mesmo de um simples arco, era aquele da retirada do suporte de sua sustentação. Que dizer de uma cúpula de 44m de diâmetro e 80m de altura?
Bem, Brunelleschi propôs construir a cúpula sem apoio de andaimes e sem suportes…
Um dos concorrentes de Brunelleschi propunha preencher todo o espaço de mais de 90m sob a cúpula com… terra… para montagem inicial da mesma; depois retirava a terra. No Panteão teria sido assim.
Realmente, a proposta de Brunelleschi era inacreditável: ele reiterava que construiria a cúpula sem andaime e sem suporte! Muitos consideraram Filippo um doido varrido.
E Brunelleschi não explicava como realizaria essa, essa… mágica, digo, façanha. Acima de tudo, ele temia que alguém roubasse sua ideia. Os juízes não gostaram dessa ousadia misteriosa. Pediram detalhes; Filippo não deu. Os juízes o expulsaram da sala. A coisa era séria: Brunelleschi passou dias sem aparecer nas ruas, por medo de ser vaiado como maluco. Sua causa parecia perdida …
Mas…
O concurso: O certame para o modelo de construção da cúpula da Catedral de Florença foi anunciado em agosto de 1418. Fillipo Brunelleschi e mais 11 competidores apresentaram proposta.
O maior problema era como construir andaimes para sustentar a alvenaria enquanto a argamassa curava. A abertura da cúpula era não apenas grande demais, mas alta demais.
A ilustração acima mostra como as pedras eram colocadas sobre um molde de madeira, com a pedra angular no alto do arco gerando, inclusive, uma força para fora. As pedras deveriam se sustentar com a retirada do molde: era o momento de perigo… Estimava-se que seriam necessárias 700 árvores grandes para o andaime de Santa Maria da Flor. Mesmo levando em conta que a Opera del Duomo (a entidade encarregada de construir e manter a Catedral) possuía uma floresta nos Apeninos, tinha de ser levado em conta que madeira de qualidade era quase tão cara quanto o mármore, sem falar nas dificuldades logísticas de transporte dos Apeninos até Florença. Cortar a árvore e depois trabalhar nos diversos formatos de madeira necessários para os andaimes e sustentação dos moldes era não apenas desafiador, como demandava mão de obra intensiva.
O momento mais crítico de qualquer construção, mesmo de um simples arco, era aquele da retirada do suporte de sua sustentação. Que dizer de uma cúpula de 44m de diâmetro e 80m de altura?
Bem, Brunelleschi propôs construir a cúpula sem apoio de andaimes…
A ousadia: Brunelleschi construiu um modelo de cúpula de cerca de 2m de largura por 3,5m de altura, hoje exposto no Museo
dell’Opera del Dumo. Dava para os juízes entrarem e examinarem por dentro. E era um belo modelo, pois Brunelleschi contratou Donatello e Nanni, dois grandes escultores florentinos para modelar a cúpula. Ainda assim, seu projeto foi tratado com ceticismo, e até com hostilidade pelos juízes: Brunelleschi não dizia como construiria a cúpula sem andaime e sem sustentação inicial dos blocos de pedra. Claro, Brunelleschi teria que construir a cúpula em tijolo, por ser leve em relação à pedra e por ser mais fácil de moldar, e – esse era o ponto – sem nada embaixo durante a construção.
Um dos concorrentes de Brunelleschi propunha preencher todo o espaço de mais de 90m sob a cúpula com… terra… para montagem inicial da mesma; a terra seria retirada após a estrutura estar firme. Este processo foi usado, por exemplo, no Panteão, diz-se, e na construção da Catedral de Troyes, na França, em 1496.
A proposta de Brunelleschi era inacreditável: ele afirmou que construiria a cúpula sem andaime e sem suporte! Muitos consideraram Filippo um doido varrido. Ele não falava como realizaria essa, essa… mágica, digo, façanha. Acima de tudo, ele temia que alguém roubasse sua ideia. Os juízes não gostaram dessa ousadia misteriosa. Pediram detalhes; Filippo não deu. Os juízes o expulsaram da sala. A coisa era séria: Brunelleschi passou dias sem aparecer nas ruas, por medo de ser vaiado como maluco. Sua causa parecia perdida… Mas… qual a alternativa?
A vitória: Se não fosse Brunelleschi, mesmo sem explicar como, quem construiria a cúpula? Ninguém sabe exatamente o que houve, mas os juízes mantiveram Filippo Brunelleschi na disputa, junto com um outro competidor, o qual, também, propunha fazer tudo de tijolos, e também construíra um modelo para apreciação dos juízes. Este segundo competidor da short list era, ninguém mais, ninguém menos do que… Lorenzo Ghiberti, aquele que já havia derrotado Brunelleschi na disputa para esculpir as postas do Batistério.
Bem, os juízes deram a vitória a Brunelleschi para construção da cúpula de Catedral de Florença. Porém, por via das dúvidas, Ghiberti dirigiria a obra junto com Brunelleschi, ambos percebendo o mesmo salário, mesmo com Ghiberti trabalhando mais em outros projetos e menos na cúpula. Nenhum dos dois recebeu o anunciado prêmio de 200 florins prometido àquele cujo modelo seria usado para construir a cúpula.
Um belo dia, Brunelleschi ficou doente (ou se fez de doente) e Ghiberti teve de admitir que não conseguia tocar a obra. Bem, agora Brunelleschi, sozinho, tinha de construir mesmo a cúpula. E construiu.