Caros,
G. K. Chesterton sempre investiu contra os modismos, essa coisa que leva facilmente os homens (e as mulheres) em direções estranhas. Chesterton:
“Uma coisa morta vai com a correnteza; só uma coisa viva pode ir contra ela”.
Um pedaço de árvore nunca sobe contra a correnteza; só o homem, se quiser, com esforço vivaz.
Em 1908, Chesterton ficou impressionado com a facilidade com que os casais se divorciavam nos Estados Unidos, por “incompatibilidade de gênios”. “Se”, observou Chesterton, “incompatibility of temper fosse uma razão para divórcio, como não estavam todos divorciados? Porque nada é tão incompatível como um homem e uma mulher”. Chesterton continua:
“O interessante do casamento é que é uma crise perpétua”.
E para quem acha simples a interação homem – mulher, Chesterton:
Tenho pouca dúvida de que, quando São Jorge matou o dragão, teve muito medo da princesa.
O sistema operacional da mulher é diferente do sistema operacional do homem, aquele mais sofisticado, este, menos polido. Daí, o eterno duelo homem-mulher, em que o homem costuma sair gloriosamente derrotado.
O modismo: G. K. Chesterton sempre investiu muito contra os modismos, essa coisa que leva facilmente os homens (e as mulheres) em direções estranhas. Chesterton, numa frase brilhantíssima e muito citada, comparou a moda com a correnteza do rio, fácil de seguir sem esforço:
“A dead thing can go with the stream, but only a living thing can go against it.”
“Uma coisa morta vai com a correnteza; só uma coisa viva pode ir contra ela”.
Frase não apenas brilhante, mas dura, a nos lembrar a facilidade com que se adere a novidades. O chapéu, p. ex.: todo homem usava, era quase parte do corpo humano, a cabeça como que demandava o chapéu. Um belo dia… o chapéu desapareceu. Bem, a cabeça só demanda pensar, raciocinar, e fazer o que é certo. E o fato de a maioria ir na direção errada não valida uma posição:
“Right is right, even if nobody does it. Wrong is wrong, even if everybody is wrong about it.”
O certo é certo, mesmo que ninguém faça isso. O errado é errado, mesmo que todo mundo erre fazendo isso.
Se o cachimbo é errado, ainda que seu uso entorte a boca, não fica certo.
O paradoxo do jornalista: Por dever de ofício, o bom jornalista tem de saber muito sobre tudo. Mas Chesterton ironizava a si mesmo sobre esse requisito.
A uma senhora que, admirada com seu enorme conhecimento, lhe disse: “Você parece saber tudo” (You seem to know everything), Chesterton respondeu: “Eu não sei nada, Senhora. Sou um jornalista” (I know nothing, Madam. I am a journalist). Esse é o paradoxo e o desafio do jornalista.
É que o conhecimento superficial é quase não-conhecimento.
Liberdade religiosa e tolerância: Já mencionamos que o Illustrated London News tentou proibir Chesterton de escrever sobre Religião e Política. Curioso. A verdadeira Religião é o oportuno que eleva; a política é o oportunismo que abaixa.
A expressão Liberdade religiosa tornou-se uma contradição em termos. Quando se enfatiza a liberdade religiosa em geral é para restringi-la, a pretexto, p. ex., de não constranger, ou de não tolher a do outro. Chesterton:
“Religious liberty might be supposed to mean that everybody is free to discuss religion. In practice it means that hardly anybody is allowed to mention it”.
“Supõe-se que Liberdade religiosa significa que qualquer pessoa é livre para discutir religião. Na prática, significa que mal é permitido que se fale de religião”.
Existe alguma coisa irônica sobre o ideia de “tolerância” e de “liberdade religiosa. Dale Alhquist, comentando Chesterton, diz que isso tem contribuído mais para suprimir religião do que qualquer perseguição religiosa.
O Casamento: Em 1908, Chesterton ficou impressionado com a facilidade com que os casais de divorciavam nos Estados Unidos, por “incompatibilidade de gênios”. “Se”, observou Chesterton, “incompatibility of temper fosse uma razão para divórcio, como não estavam todos divorciados? Porque nada é tão incompatível como um homem e uma mulher”. Chesterton achava que o casamento era uma luta eterna – “até à morte” – para superar essa incompatibilidade, e viver com ela.
“O interessante do casamento é que é uma crise perpétua”.
“The whole pleasure of marriage is that it is a perpetual crisis.”
“O casamento é um duelo até à morte, que nenhum homem honrado deve recusar.”
“Marriage is a duel to the death which no man of honour should decline.”
O santo, a mulher e o dragão: E para quem acha simples a interação homem – mulher, Chesterton:
“I have little doubt that when St. George had killed the dragon, he was heartily afraid of the princess.”
Tenho pouca dúvida de que, quando São Jorge matou o dragão, teve muito medo da princesa.
São Jorge e a Princesa. Antonio Cicognara, fins do séc. XV (Brescia)
Essa frase parece mero chiste, quase desrespeito. Mas, talvez, qualquer homem tenderia a concordar com isso, se reconhecesse uma coisa simples: o sistema operacional da mulher é diferente do sistema operacional do homem, aquele mais sofisticado, este, menos polido. Daí, o eterno duelo homem-mulher, em que o homem costuma sair gloriosamente derrotado.
Numa linguagem de hoje, talvez Chesterton diria: Matar o dragão é heroico, mas relativamente simples; o complexo é desvendar o sistema operacional da Princesa.