Inauguração do Arco do Triunfo: O Arco do Triunfo foi inaugurado em 29 de julho de 1836, para marcar o 6º aniversário da revolução (Les Trois Glorieuses) que levou Luís Felipe ao trono francês. Ao final, o tema das esculturas, assim como os escultores do Arco, foram escolhidos por Luís Felipe.
Fiel ao seu estilo nem muito aqui, muito menos acolá, Luís Felipe não compareceu à inauguração, para não ferir susceptibilidades dos embaixadores dos países derrotados pela França revolucionária ou napoleônica (mas também por temer atentados contra sua vida).
A multidão gostou do que viu. Durante todo o dia foram executados hinos revolucionários e imperiais. À noite, mil lâmpadas a gás iluminaram o monumento.
O Retorno das Cinzas do Imperador: O Rei Luís Felipe se capitalizou sempre em cima das glórias de Napoleão.

O Imperador, morto em 1821, manifestara o desejo de ser sepultado às margens do rio Sena. O Parlamento inglês, após recusar dois pedidos anteriores, finalmente aprovou, em 1840, o translado dos restos de Napoleão para a França. Aliás, quem foi buscar “as cinzas de Napoleão” foi um filho de Luís Felipe, François d’Orléans, o Príncipe de Joinville, casado com dona Francisca de Bragança – dona Chicá para os íntimos franceses, irmã do nosso Dom Pedro II. A cidade de Joinville, em Santa Catarina, foi fundada em terras que constituíram o dote de casamento de Dona Francisca com o Príncipe de Joinville.
Após muito debate, ficou decidido que o Imperador seria inumado sob o magnífico Dôme des Invalides. A França não iria fazer por menos com seu personagem mais conhecido em toda a história.
Dois episódios da pequena história: Uma cena da petite histoire (e da petite politique): quando Joinville chegou, com os restos mortais de Napoleão no porto de Cherbourg, havia um novo ministro nos Affaires Étrangères, um anti-bonapartista, que não queria valorizar nada de Napoleão… Joinville ficou esperando e esperando, até que um barco pôde subir o Sena com os despojos do Imperador porque, afinal, o povo não ia entender que l’Impereur estava num porto francês, esperando para poder entrar na França.
Outro episódio interessante dessa história. Quando Napoleão estava preso na Ilha de Santa Helena, o porto mais próximo era Recife. Quando estourou a Revolução Pernambucana de 1817, os franceses pró-Napoleão resolveram aproveitar a situação e resgatar o Imperador, com a ajuda dos revolucionários, que haviam enviado Antônio Gonçalves da Cruz Cabugá aos EUA em busca de ajuda … O irmão de Napoleão, José, ex-rei da Espanha, morava nos EUA como muitos outros militares franceses. Quando, porém, navios do resgate chegaram ao Brasil a Revolução Pernambucana, que começara em 6 de março, havia já sido debelada em 20 de maio, com 9 líderes enforcados e 4 arcabuzados…
A Comuna: A Comuna de Paris foi uma das grandes desgraças da história francesa, exibindo cenas cruéis – precursoras daquelas que adviriam no séc. XX -, e reprimida com extrema brutalidade por aqueles que logo depois criariam a República Francesa (La Troisième République).
Interessante notar que o Arco do Triunfo sofreu pouco com os bombardeios da Prússia na Guerra Franco-Prussiana de 1870-71. Mas os communards, cercados pelas tropas do novo governo francês, se entrincheiraram no Arco, e lá postaram 5 canhões. Deram tantos tiros que as vibrações começaram a fazer oscilar a estrutura. Pararam. Até porque não queriam que aqueles grandes blocos de pedra caíssem em suas cabeças.
O Funeral de Victor Hugo: Victor Hugo foi um dos poetas mais famosos de toda a história. Escreveu poesias, peças de teatro e romances que mudaram os rumos da literatura. Um gigante artista da palavra. Pouquíssimos poetas tiveram seu nome de família (Hugo era o nome de sua família) transformado em nome de batismo: Hugo se tornou um nome corriqueiro.
Quando ele faleceu – mesmo os poetas são mortais – em 22 de maio de 1885, o país decidiu que ele teria um Funeral de Estado. O catafalco, com 22m de altura, com o corpo do grande poeta em cima, permaneceu sob o Arco do Triunfo durante os funerais em 31 de maio. Finalmente, seu corpo foi enterrado do Panteão.
