Notas & Comentários – 14-10-2022 – Apresentação

Caros,

As Big Techs da Internet não apenas controlam a informação, mas lograram algo bem menos perceptível: as Big Techs impuseram uma nova linguagem, uma nova epistemologia, uma nova semântica, uma nova gramática, um novo vocabulário, uma nova escrita. Parafraseando Marshall McLuhan, o meio das Big Techs é a mensagem, pois condiciona a mensagem. É difícil superestimar o poder do meio sobre a mensagem.

Por exemplo, quando o meio eram sinais de fumaça, não havia como fazer argumentações filosóficas. Quando o meio é a TV, o candidato a deputado tem de se apresentar, e apresentar seu programa, fazer seu discurso em ridículos segundos. O grande meio de expressão do pensamento foi o livro, principalmente o livro impresso com tipos móveis, o livro a partir de Gutenberg, que, tragicamente, perdeu seu ímpeto civilizador ante as mídias eletrônicas ao longo do séc. XX.

Com essa alteração profunda que a Internet provocou na mensagem (por causa do meio) convém lembrar um ponto que tem passado um pouco em silêncio: As pessoas mais velhas, muitas vezes, não conseguem aprender uma nova linguagem. Tornam-se analfabetos digitais. No dizer de Tim Wu, tornam-se eremitas sociais.

Há disposições para a locomoção de cadeirante, rampas nas calçadas; atendimento para cegos; gente replicando discursos em sinais para surdos. Mas o velho, muitas vezes, não consegue se locomover no mundo digital, não consegue ver e entender o discurso digital; nem fala nem ouve na linguagem digital. Dependendo de um smartfone para se comunicar, é constrangido à mudez. E nada é feito por eles.

Sempre me impressionou a falta de caridade com o velho no mundo digital. Talvez advenha da falta de tempo dos mais novos, demasiado entretidos em jogar, brincar, compartilhar futilidades, ver notícias falsas, divertir-se na Internet.

Leia esta Nota na íntegra