Notas & Comentários – 06-10-2023

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Na Arquitetura: a medida de Deus e a Medida do homem: Numa visita ao Mont Saint-Michel, um guia nos mostrou a igreja abacial e o claustro, e nos disse uma coisa excepcional, de que eu nunca antes me dera conta: a igreja é a medida de Deus; o claustro é a medida do homem.

Sim, a igreja, projetando -se para o alto, como que em busca do infinito, dá ideia da medida de Deus; o claustro, de altura modesta, se abaixa à medida do homem.

Nave românica da igreja abacial do Monte Saint-MichelNave românica da igreja abacial do Monte Saint-Michel

Claustro gótico do Monte Saint-Michel

Nave românica da igreja abacial do Monte Saint -Michel (primeira e segunda imagens), e seu claustro gótico (terceira imagem): a medida de Deus, no impulso para o alto, e a medida do homem, na dimensão de seu cotidiano de oração e trabalho. O homem em sua passagem pela terra, na esperança do céu.

Os estilos Românico e Gótico: Jean Gimpel diz que não existe nenhuma diferença fundamental entre uma construção romanesca e uma construção gótica. Mas existe, lembra ele, uma vasta diferença entre uma igreja construída em meados do século XII e no final do século XIII. As diferenças resultam do acúmulo de centenas de pequenas descobertas técnicas pelo engenho dos
arquitetos e construtores de catedrais.

Catedral de Amiens
Catedral de Amiens, 42m de altura, com seu famoso Labirinto no assoalho.

O gótico tardio é caracterizado simplesmente por uma ornamentação superposta a uma estrutura técnica que foi aperfeiçoada entre os séculos XI e XIII. É incrível constatar que nos 250 anos entre o final do séc. XIII e o começo do séc. XVI, o período no qual os transeptos das catedrais de Sens, Senlis e Beauvais foram construídos, nenhum grande progresso técnico foi alcançado.

O período de 1050 até meados do séc. XIII foi um período de dinamismo e ascensão para a Europa cristã em geral, e para a França em particular.

Catedral de Amiens, 42m de altura, com seu famoso Labirinto no assoalho.

A era gótica foi um período de criação em que os maiores espíritos do mundo Ocidental rezavam, meditavam, ensinavam e governavam – como São Bernardo de Claraval, São Francisco de Assis, São Tomás de Aquino, Roger Bacon, São Luís Rei de França – enquanto os construtores de catedral erigiam esses extraordinários edifícios, testemunhas do altíssimo pico de civilização atingido pela Cristandade medieval.

Notre-Dame e Violet-le-Duc: Os monumentos medievais da França não seriam os mesmos sem Violet-le-Duc, um grande arquiteto, um grande gênio artístico, um gigante da restauração no séc. XIX.

Notre-Dame de Paris se tornara um monumento dilapidado e arruinado pela Revolução francesa, com todas (todas!) as estátuas quebradas, arrancadas ou marteladas: Violet-le-Duc a restaurou de forma primorosa. Carcassone estava em ruinas, Violet-le-Duc a restaurou e tornou essa fortaleza uma alegria para os olhos.

Fachada ocidental da Catedral de Notre-Dame antes da campanha de restauro de Lassus e Viollet-le-DucFachada ocidental da Catedral de Notre-Dame depois da campanha de restauro de Lassus e Viollet-le-Duc

Fachada ocidental da Catedral de Notre-Dame antes e depois da campanha de restauro de Lassus e Violet-le-Duc (à esquerda), daguerreótipo de Noël Paymal Lerebours, 1840.

Fortaleza de Carcassone

Acima, a fortaleza de Carcassone. Até muito recentemente, era moda falar mal de Violet-le-Duc, denegrindo sua reputação. Mas um olhar sobre seus escritos e suas realizações mostra que ele foi uma das mais extraordinárias figuras do século XIX.