Notas & Comentários – 13-10-2023

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O Milagre de Jean Gimpel: Gimpel (Paris, 1918 – Londres, 1996) https://www.independent.co.uk/news/people/obituary-jean-gimpel-1338891.html – grande medievalista, escreveu pelo menos dois livros excepcionais:

  • Les Bâtisseurs de Cathédrales. Seuil, 1958.
  • La Révolution Industriell e du Moyen Âge. Seuil, 1975.

Disse “pelo menos” porque só li esses, mas talvez se deva, por eles, induzir a qualidade dos outros.

Quase todos os livros de Gimpel estão também disponíveis em inglês, em edições cuidadosas; alguns em português.

Filho de pai francês e mãe inglesa, como o grande Hilaire Belloc, Jean Gimpel serviu na Résistence contra o ocupante nazista, recebendo a Croix de Guerre, a Medaille de Résistance e a Légion d’Honneur.

Notre-Dame de Paris: O Bispo Maurice de Sully iniciou a construção da catedral em 1163, pelo coro, o lugar mais importante da igreja, aquele em que fica o altar principal. Toda igreja sempre teve vários altares, dispostos em diferentes capelas, pois cada padre tinha de, individualmente, rezar uma Missa todo dia. Assim, podia haver Missas simultâneas em muitas Capelas de uma igreja.

As obras da Catedral seguiram até meados do séc. XIV, razão pela qual o edifício apresenta elementos desde o gótico primitivo até o gótico radiante. Sabemos quem mandou construir a catedral (o Bispo Sully), mas não sabemos o nome do arquiteto que a projetou. Em 1182, o Legado do Papa consagrou solenemente o altar principal, pois essa parte do edifício já estava coberta.

As dimensões de Notre-Dame de Paris são gigantescas: 127m de comprimento, 40m de largura e 33m de altura. Apenas as catedrais de Notre-Dame d’Amiens e de Notre-Dame de Reims, construídas depois, têm dimensões semelhantes. Até meados do séc. XIII, Notre-Dame de Paris era a maior igreja de Cristandade.

O Gótico e os vitrais: No estilo gótico, a sustentação das igrejas não depende mais das paredes, mas de pilares, o que permite a abertura de imensas janelas nas paredes. As igrejas góticas são  inundadas de luz. Assim, o s vitrais puderam ser grandes, imprimindo imensa beleza ao interior das catedrais.

Em Notre-Dame d e Paris, os vitrais não apenas são belíssimos, há inclusive aqueles que formam as Rosáceas que ornam cada um dos dois braços do transepto, e que estão entre as maiores da Europa.

A fachada de Notre-Dame é excepcional, com suas formas perfeitamente harmoniosas, constituindo o monumento mais visitado da Europa, com 20 milhões de visitantes por ano, à frente da Basílica do Sacré-Coeur em Montmartre, do Museu do Louvre, do Parque do Castelo de Versailles.

Os Vitrais e Nossa Senhora: Os vitrais são um dos símbolos de Nossa Senhora, a quem muitas das catedrais são dedicadas sob a apelação Notre-Dame (Amiens, Reims…). E são um símbolo de Nossa Senhora porque a Luz, que embeleza e dá vida aos vitrais, e inunda a igreja, a luz, transpassando-os, não os corrompe, nem altera o estado de pureza do vitral. E é essa a imagem de Nossa Senhora: a Luz do mundo passou por ela, e ela permaneceu pura: La Très Sainte Vierge.

Rosácea do transepto norte
Rosácea do transepto norte
Rosácea do transepto sul
Rosácea do transepto sul

Na Rosácea norte, largamente ainda original do séc. XIII, que representa o Antigo Testamento,  caracterizada pela sua cor mais arroxeada, está Nossa Senhora (Notre-Dame) com o Menino ao centro, rodeada pelos Juízes, Reis, Sumo-sacerdotes, e os Profetas do Antigo Testamento.

Nossa Senhora está naquele Ponto de transição entre o Antigo e o Novo Testamento.

A enorme Rosácea de 13,1m do transepto sul, também do séc. XIII, um dom do Rei São Luís, sofreu mais abusos do tempo e menos dela é original. Em seu centro está Nosso Senhor e, em torno dele, os símbolos dos evangelistas, as chamadas (na arte) Virgens prudentes e Virgens loucas, os Santos, os Anjos, e os Apóstolos.