Caros,
A licitação para o projeto da Torre da Exposição Universal de 1889 foi lançada em 2 de maio de 1886, encerrando-se duas semanas depois, em 12 de maio. O prazo era bem exíguo, mas a França tinha pressa… Claro, todos os interessados já sabiam que iria haver essa licitação: foram apresentados 107 projetos.
O Edital definia uma torre de ferro de base quadrada com 25m de lado na base, e com 300m de altura”. E “as construções principais serão inteiramente em ferro”. Era exatamente o projeto de Eiffel.
A empresa de Gustave Eiffel venceu. E dir-se-ia que foi uma licitação dirigida. Mas é que a França precisava se afirmar, depois da humilhante derrota na Guerra Franco-prussiana, e o projeto de Eiffel trazia o maravilhamento da grandeza, a força da confiança, o conforto da autoestima.
Todo o processo de licitação da Torre foi conduzido pelo Ministro do Comércio e da Indústria, Edouard Lockroy. Foi ele quem incluiu a cláusula de que a torre tinha de ser de ferro, e com as dimensões já calculadas por Eiffel. Foi ele quem, afinal, deu à empresa de Eiffel a concessão da Torre, e defendeu a ideia e o projeto a ferro e fogo.
A escolha do projeto: A licitação para uma torre associada à Exposição Universal de 1889 foi lançada em 2 de maio de 1886, encerrando-se duas semanas depois, em 12 de maio. O prazo era bem exíguo, a França tinha pressa, mas, claro, todos os interessados já sabiam que iria haver a licitação. Foram apresentados 107 projetos.
O Edital estabelecia que “os concorrentes deveriam estudar a possibilidade de elevar no Champ de Mars uma torre de ferro de base quadrada com 25m de lado na base, e com 300m de altura”. E “as construções principais serão inteiramente em ferro”.
A empresa de Gustave Eiffel venceu. E dir-se-ia que foi uma licitação dirigida, ainda que haja atenuantes: Mas é que a França precisava se afirmar, depois da humilhante derrota na Guerra Franco-prussiana, e o projeto de Eiffel trazia o maravilhamento da grandeza, a força da confiança, o conforto da autoestima. O material (o ferro) e as dimensões (300m de altura) eram exatamente os do projeto de Gustave Eiffel.
Bem, a França ainda não produzia aço em abundância nem era barato, pela falta de carvão no país (ao contrário da Inglaterra). Por outro lado, a França queria mostrar o que era capaz de fazer com o ferro – e mostrou.
A Torre – o seu projeto: Curioso notar que o projeto de engenharia não foi feito por Eiffel, mas pelos engenheiros de sua empresa, Émile Nouguier e Maurice Koechlin. Eiffel já se tornara o empresário, o buscador de encomendas, o lobista nos desvãos da República: sem ele a torre não sairia.
No anteprojeto (imagem acima), de 6 de junho de 1884, Nouguier e Koechlin, comparam a Torre com a Catedral de Notre Dame, com a Estátua da Liberdade, com o Arco do Triunfo, com a Coluna da Place Vendôme, etc., cujas alturas, somadas, seriam menores que a da Torre Eiffel. E numa caricatura no jornal Le Temps, na época da Protestation, as Pirâmides do Egito se tornam anãs diante da Torre… Essa França, do pioneirismo e da vanguarda, desapareceu.
O Ministro da Torre: Todo o processo de licitação da Torre foi conduzido pelo Ministro do Comércio e da Indústria, Edouard Lockroy, um inimigo da Igreja, um republicano com grande rede de relacionamentos. Foi sócio dos filhos de Victor Hugo, e, quando um deles morreu, casou-se com a viúva. Aliás, foi ele o organizador do enterro de Hugo com honras de Estado. Foi também ele quem incluiu a cláusula de que a Torre tinha de ser de ferro, e com as dimensões já calculadas por Eiffel. Foi ele quem, afinal, deu à empresa de Eiffel a concessão da Torre, e defendeu a ideia e o projeto a ferro e fogo: o objetivo dele era engrandecer a França.
A Torre do Sol de Jules Bourdais – uma concorrente: Inicialmente, o projeto de Bourdais tinha 100m, mas logo foi elevado a 300m, para fazer frente ao da Torre de Eiffel. A parte térrea, com diâmetro de 28m, se elevava a 66m. Sobre ela, Bourdais previa “um abrigo confortável e higiênico, para os convalescentes que tinham de deixar a cidade (a Torre ficaria num lugar afastado da cidade, na época…) em busca de ar puro, para recobrar a saúde…”. Era uma medida para responder às críticas relativas ao custo do monumento comparado à sua utilidade… Como se a monumentalidade e a beleza não pudessem ser úteis.
Vem daí, desde sempre, essa busca de explicar um gasto alto num monumento por meio de possíveis usos sociais do mesmo. (‘Não se preocupem, o Sambódromo vira escola fora do carnaval’, etc.).
Na Assembléia Nacional francesa, um deputado destilou seu mau humor assim, pensando na consequente falta de verbas para obras no interior da França: “para dar a Paris brilho e fantasia durante alguns meses, vamos arruinar as cidades do interior do país”…
A Torre do Sol de Bourdais (ao lado) foi eliminada da concorrência da Exposição Universal por que não era de erro, não tinha a ousadia do novo… O lobbying de Eiffel era tão forte quanto sua rede de relacionamento.