Caros,
Certamente, 2025 será desafiador. Mas qual ano, começando, não seria? É que 2025 será mais. Cheio de surpresas, de mudanças, boas e más, quebras de paradigmas.
Por isso pensei em escrever Notas sobre alguém que enfrentou muitos e sérios e longos desafios: Winston Churchill, que passou pelo inferno, mas disse:
“If you are going through hell, keep going.”
“Se você estiver atravessando o inferno, não pare”.
Se possível, não pare até chegar no Céu…
E, entre êxitos e fracassos, reconheceu o que realmente importa:
“O Sucesso não é definitivo, o fracasso não é fatal: o que conta é a coragem de continuar”.
Continuar na direção correta, claro.
Churchill gostava de coisa boa, e ironizava:
“My tastes are simple: I am easily satisfied with the best.”
“Meu gosto é simples: fico facilmente satisfeito com o melhor”.
E tem aquele diálogo entre o monstro sagrado, Churchill, e o historiador então adolescente, Paul Johnson:
– “Sr. Churchill, Sir, a que atribui o seu sucesso na vida?”
– “Conservação de energia. Nunca fique em pé quando puder sentar-se e nunca se sente quando puder deitar-se.”
Vamos de Churchill.
Churchill – a Estatura: “De todas as figuras políticas imponentes do século XX, boas e más, Winston Churchill foi a mais valiosa para a humanidade e também a mais simpática”. Quem disse isso foi Paul Johnson, autor de uma pequena biografia de Churchill, e reconhece: “É uma alegria escrever sua vida e ler sobre ela”. São tantas lições, afirma Johnson, inclusive – e especialmente – para os jovens:
– Como aproveitar uma infância difícil.
– Como aproveitar avidamente todas as oportunidades, físicas, morais e intelectuais.
– Como ousar muito, reforçar o sucesso e deixar para trás os fracassos inevitáveis.
– E como, ao mesmo tempo em que persegue alta ambição com energia e com prazer, cultivar também a amizade, a generosidade, a compaixão e a decência.”
“Desde então, nenhum político conseguiu combinar tão bem uma variedade tão poderosa de papéis. Como um homem fez tanto, por tanto tempo e com tanta eficácia?
Vamos refletir e comentar nestas e em várias outras Notas sobre Winston Churchill, usando várias livros, Internet, artigos, IA, baseando-me, em especial, em anotações que fiz em
Paul Johnson. Churchill. Viking, 2009.
Os livros de Paul Johnson são, em geral, uma delícia. E suas entrevistas também. Ele morreu há um ano, no dia 12 de janeiro de 2023. Tinha 94 anos. RIP – que sua alma repouse em paz.
Churchill e o inesperado: Winston Leonard Spencer Churchill nasceu em 30 de novembro de 1874. Seus pais eram Lord Randolph Churchill, filho mais novo do 7º Duque de Marlborough, e Jennie (Jeanette “Jennie” Spencer-Churchill), a segunda das quatro filhas de Leonard Jerome, financista, de Chicago e Nova York. O nascimento estava programado para ocorrer em Londres, numa mansão em Mayfair. Mas durante uma visita ao Palácio de Blenheim, residência de Lord Randolph, Jennie sofreu uma queda e seu filho nasceu dois meses antes do tempo, em um quarto no andar térreo do Palácio, preparado às pressas. Assim foi atingida a nota característica da vida de Winston: o inesperado, a pressa, o risco, o perigo e o drama.
O Palácio de Blenheim: Durante a Guerra da Sucessão Espanhola, John Churchill (ancestral do nosso) ganhou a reputação de comandante militar competente e, em 1702, foi elevado a Duque de Marlborough. Durante a guerra, ele obtivera uma série de vitórias, incluindo as Batalhas de Blenheim (1704), de Ramillies (1706), de Oudenarde (1708) e de Malplaquet (1709). Por isso, o General John Churchill se tornou o 1º Duque de Marlborough, 1º Príncipe de Mindelheim, 1º onde de Nellenburg, e Príncipe do Sacro Império Romano Germânico. Mas foi por sua vitória em Blenheim (contra nada menos do que a França do Rei Sol, Luís XIV) que a Coroa inglesa lhe concedeu o arrendamento da mansão real de Hensington para localizar o novo palácio, e o Parlamento votou uma verba substancial para sua construção. O aluguel ou petit serjeanty devido à Coroa pela terra era uma cópia da bandeira real francesa, cujo exército o novo Duque de Marlborough derrotara, a ser entregue ao monarca anualmente no aniversário da Batalha de Blenheim.
O Grande Pátio do Blenheim Palace numa gravura do séc. XVIII.
O Poder é fugaz: Sarah Jennings, esposa do Primeiro Duque de Marlborough, era muito rabugenta, segundo todos os relatos, embora capaz de grande charme. Ela fez amizade com a jovem princesa Anne e depois, quando a princesa se tornou rainha, a duquesa de Marlborough, como Camareira-mor de Sua Majestade a Rainha, exerceu grande influência sobre ela, tanto a nível pessoal como político. O relacionamento entre a Rainha e a Duquesa mais tarde deteriorou-se e, após uma desavença final em 1711, a verba para a construção de Blenheim foi cortada. Por razões políticas, os Marlboroughs exilaram-se no continente até regressarem no dia seguinte à morte da rainha, em 1º de agosto de 1714.
Conservação de energia: Churchill comia com entusiasmo, especialmente bife, linguado e ostras. Bebia diariamente grandes quantidades de uísque ou conhaque, fortemente diluídos em água ou refrigerante. Apesar disso, seu fígado, inspecionado após sua morte, foi considerado tão perfeito quanto o de uma criancinha.
Churchill era capaz de realizar tremendos esforços físicos e intelectuais durante longos períodos, muitas vezes dormindo pouco. Mas tinha ao mesmo tempo grande capacidade de relaxamento, inclusive por meio de uma variedade de ocupações prazerosas Também tinha o dom de tirar pequenas – mas restauradoras – sonecas quando os afazeres permitiam. Sempre que possível, ele passava as manhãs na cama, telefonando, ditando e recebendo visitas.
Em 1946, o futuro grande historiador Paul Johnson, então um jovem de 17 anos, teve a oportunidade de lhe fazer uma pergunta:
– “Sr. Churchill, Sir, a que atribui o seu sucesso na vida?”
Sem pausa ou hesitação, ele respondeu:
– “Conservação de energia. Nunca fique em pé quando puder sentar-se e nunca se sente quando puder deitar-se.”
– “Conservation of energy. Never stand up when you can sit down, and never sit down when you can lie down”.