Caros,
Como Churchill é um grande frasista, acabaram sendo a ele atribuídas algumas frases que, de tão grosseiras, são provavelmente apócrifas. Para registro, reproduzo-as no corpo das Notas.
Aqui, neste e-mail de envio, cito outras, autênticas e divertidas. P. ex., Churchill bebia bastante, mas sempre diluía muito o álcool, de forma que raramente era afetado:
“All I can say is that I have taken more out of alcohol than alcohol has taken out of me.”
“Tudo que posso dizer é que eu tirei mais do álcool do que o álcool tirou de mim”.
Churchill sabia da letalidade da política. Em política a pessoa às vezes consegue ressuscitar… para ser morta de novo:
“In war, you can only be killed once. But in politics, many times”.
“Na guerra só se morre uma única vez. Mas em política, muitas.”
Nem tudo se resolve por maioria:
You cannot cure cancer by a majority.
“Não se pode curar o câncer com maioria de votos…”
“History will be kind to me for I intend to write it.
“A História será simpática comigo, pois eu mesmo pretendo escrevê-la.”
Tudo bem. Churchill era um vencedor e escreveu sua própria história muito bem. Mas vale aqui uma reflexão interessante, contradizendo o conhecido aforismo de que a história é escrita pelos vencedores. Uma das mais importantes histórias de todos os tempos foi escrita pelo perdedor, por um povo que foi errante, maltratado, derrotado, oprimido, escravizado, exilado. Refiro-me ao povo judeu que, honestamente, escreveu sua própria história, no Antigo Testamento, sem omitir coisas ruins e degradantes para ele próprio.
Bebida, beleza, grosserias e… apócrifos: A história é muito citada, mas soa improvável… A suposta troca de farpas é geralmente descrita como tendo ocorrido entre Churchill e a parlamentar conservadora Nancy Astor – Lady Astor, Viscondessa Astor. Relatos e rumores variam; disse-se também que teria ocorrido com a parlamentar trabalhista Bessie Braddock.
A história é grosseira. Dá conta de que a parlamentar se dirige a Churchill:
– “Sir, o Sr. está bêbado!”
Desagradável, mão não soava tão ofensivo assim. Porém a resposta de Churchill (supondo que disse isso mesmo, o que é muito duvidoso) teria sido profundamente grosseira:
– “I may be drunk Miss, but in the morning I will be sober and you will still be ugly.”
– “Posso estar bêbado, Senhorita, mas pela manhã estarei sóbrio e você continuará feia”.
Retrato de Nancy Astor pelo grande pintor impressionista americano John Singer Sargent, 1909. E retrato de 1906, quando ficou noiva de Waldorf Astor.
Além da deselegância com um Dama como Lady Astor, o problema é que… she was not that ugly; she rather had a sympathetic look…
Churchill bebia mas não se embriagava. Entanto, invenções pseudo-divertidas, ainda que grosseiras, tendem a permanecer.
De qualquer forma, como se o álcool fosse uma fonte de inspiração para ele, Churchill (e isso é fato…) disse em certa ocasião:
“Tudo que posso dizer é que eu tirei mais do álcool do que o álcool tirou de mim”.
“All I can say is that I have taken more out of alcohol than alcohol has taken out of me.”
Lady Astor: Foi a primeira mulher eleita para o Parlamento britânico (1919). O “Astor” dela advém do nome de seu segundo marido, Waldorf Astor, construtor do Waldorf Hotel, que as vicissitudes da história transformaram, posteriormente, no famoso Waldorf Astoria Hotel de Nova Iorque.
Lady Astor estava na lista das pessoas que os nazistas iriam assassinar quando tomassem a Inglaterra. Ainda que ela fosse antissemita e anticomunista e, por isso, simpatizasse com Hitler. Era também anticatólica.
Há outras histórias de trocas de farpas entre ela e Winston Churchill, nem todas bem documentadas. Mas vão sendo repetidas, até porque Churchill era assim, meio excêntrico.
Churchill teria dito (ai, ai) a Lady Astor que ter uma mulher no Parlamento era como ter uma intrusa no banheiro, ao que ela teria respondido: “Você não é atraente o bastante para ter esse tipo de temor.”
Diz-se também que Lady Astor respondeu a uma pergunta de Churchill sobre que disfarce ele deveria usar em um baile de máscaras: “Por que você não fica sóbrio Primeiro-ministro?”
Mais estórias de Lady Astor e Churchill: Conta-se, ainda, a história do encontro de Winston Churchill com Lady Astor, a qual, depois de não conseguir convencê-lo durante uma discussão, interrompeu-o com o comentário petulante:
– “Se você fosse meu marido, eu poria veneno no seu chá”.
– “Madame”, respondeu Winston, “se eu fosse seu marido, tomaria o chá com prazer.”
Claro, essas histórias se perpetuam porque Churchill era espirituoso, capaz de improvisações marcantes, ainda que não um beberrão, ou uma pessoa grosseira, principalmente com uma dama.
Citações podem divertir: Deixando grosserias para trás, vale a pena se divertir com essas citações churchillianas:
“In war, you can only be killed once. But in politics, many times”.
“Na guerra só se morre uma única vez. Na política, muitas.”
Churchill sabia da letalidade da política. E sabia da utilidade de regras um pouco ambíguas:
The English never draw a line without blurring it.
“Os ingleses nunca traçam uma linha divisória sem borrá-la.”
E a lógica cortante de que só a vontade pode não resolver:
You cannot cure cancer by a majority.
“Não se pode curar o câncer com maioria de votos…”
“History will be kind to me for I intend to write it.
“A História será simpática comigo, pois eu mesmo pretendo escrevê-la.”
E escreveu… brilhantemente.
Vale aqui uma reflexão interessante, contradizendo aquele aforismo de que a história é escrita pelos vencedores. Uma das mais importantes histórias de todos os tempos foi escrita pelo perdedor, o underdog, por um povo que foi errante, oprimido, derrotado, ocupado, escravizado, levado para o exílio, etc. Refiro-me ao povo judeu que, honestamente, teve sua história escrita no Antigo Testamento, sem omitir coisas ruins e degradantes para ele próprio.