Caros,
Os holandeses, digo, a Companhia das Índias Ocidentais (WIC), dispunham de imenso tesouro de informações sobre o Brasil: conheciam bem a presa. Tinham informes dos viajantes e marinheiros. Tinham livros preciosos, documentos e relatórios estratégicos. Tinham mapas detalhados da costa brasileira.
E, coisa extraordinária, tinham, na Biblioteca de Leiden um apógrafo do livro Diálogos das Grandezas do Brasil. Aliás, esse apógrafo ficou esquecido em Leiden, até ser descoberto na mesma Biblioteca pelo grande Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro, que dele fez uma cópia em 1874.
Nesses Diálogos das Grandezas do Brasil, havia informações preciosas, como essas (Evaldo Cabral de Mello, org.):
- Dentro da Vila de Olinda habitam inumeráveis mercadores com suas lojas abertas, colmadas de mercadorias de muito preço, de toda sorte, em tanta quantidade que semelha uma Lisboa pequena.
- Sempre se acham ancorados no porto de Olinda, em qualquer tempo do ano, mais de trinta navios, porque lança de si, em cada ano, passante de 120 carregados de açúcares, pau do brasil e algodão.
- É capaz toda a capitania de Pernambuco de pôr em campo 6 mil homens armados, com 800 de cavalo.
A Companhia das Índias Ocidentais tinha tudo do Brasil que se podia obter se informando, espionando, comprando, subornando, apresando, confiscando, tomando, e… simplesmente lendo.
Fizeram as contas e determinaram que valia a pena montar uma armada e invadir o Nordeste brasileiro. Ficaram aqui por 24 anos.